Jornal do Brasil - Sociedade Aberta - Cotas sociais : siga o link para ver a matéria completa
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Refletindo a partir da matéria do Jornal do Brasil sobre as cotas sociais...
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Refletindo a partir da matéria do Jornal do Brasil sobre as cotas sociais...
Ninguém nega que a situação de desigualdade social no Brasil é abissal, não importando o que dizem os índices de crescimento econômico e a apregoada ascensão da classe B, C, D, ou alfabeto inteiro, que o governo divulga com exemplo de sucesso para suas políticas sociais nos últimos quinze anos. O fato é que o problema da administração pública do país apresenta processos viciados de solução para os problemas que atingem diretamente a população. Essas medidas normalmente assumem ares "milagrosos", em suas ações, para tentar sanar estas questões sempre à curto prazo, de olho sobre o impacto em 4 anos, período regulamentar de mandato governamental. Diante disso, assistimos mais uma medida "redentora" do governo, para mascarar o problema profundo-imenso-progressivo da educação no Brasil. Podemos acreditar que as cotas do ensino público tornarão mais igualitárias o acesso à universidade, mas sem crises de culpa ideológica ou anseios romantizados-ingênuos-impalpáveis sobre o valor de um um curso superior nos dias de hoje, respiremos e vamos refletir um pouco: do estudante que chega hoje à universidade, se espera uma formação básica, com instrumentalizações mínimas para que seu processo de aprendizado dentro do curso escolhido possa acontecer, inclusive, considerando sua transição e adaptação para o aprendizado em um sistema pedagógico distinto dos modos de operação da escola de ensino médio. Nada que seja fator impeditivo de acesso, mas são fatores reais de impacto sobre a vida do estudante universitário, que se vê em um novo ambiente educacional, tendo que se familiarizar com estes novos procedimentos. A questão que se torna o nó, diante da proposta das cotas do senado. é que, em quatro anos, não se supera o problema do desnível pedagógico, psicológico e educacional do ensino fundamental e médio do país. É necessário um planejamento e políticas progressivas, no meu ponto de vista humilde, nos próximos dez ou quinze, no mínimo, sofrendo reavaliações e revisões constantes, para que possa se pensar em abdicar da desigualdade real do ensino público e privado. Portanto, abraçando a política das cotas agora, pode-se projetar trés possíveis consequências: primeira, o impacto sobre o ensino superior é a queda da excelência do profissional egresso (e das próprias instituições superiores de ensino), que necessitaria de bem mais de quatro ou cinco anos para equilibrar minimamente sua formação básica no intuito de projetar sua formação profissional e acadêmica em médio prazo. Em outras palavras, o estudante que tem grandes deficiências de aprendizado, interpretação, leitura, com dificuldades de se adaptar a um sistema muito mais autônomo de estudo como o proposto pela vida acadêmica, precisará de formação adicional para suprir essas dificuldades, o que antigamente poderíamos, por analogia, denominar "reforço escolar", que atualmente não existe no panorama dos cursos regulares das universidades públicas. Ensinar o aluno a ler, escrever e interpretar se tornaria papel fundamental da escola da ensino superior, antes de poder apontar um caminho de especialização.
A segunda consequência possível seria o acomodamento das políticas publicas sobre os problemas da educação de base, haja vista os índices, obviamente positivos, de aumento de acesso ao ensino superior, consequência direta da política das cotas. Em quatro anos, um aluno ingressante a partir desse processo ainda não teria se formado, portanto não se tem avaliação do seu perfil como egresso no mercado de trabalho. O governo receberia boa repercussão sobre o impacto imediato da nova regra, saindo de cena elegantemente antes que caia o pano, revelando a crise, agora catapultada para o mercado de trabalho, na forma de profissionais com formação insuficiente. Me pergunto, se um senador ou presidente da republica iria para um consultório médico ou odontológico de um profissional egresso das escolas impactadas por essa política, da qual ele mesmo foi responsável direto, mesmo sem conhecer diretamente o abalroamento, a longo prazo, sobre a formação profissional no Brasil.
O terceiro resultado possível a ser considerado talvez seja o mais óbvio e controverso de todos: um conjunto de problemas renovados fresquinhos, considerando-se: sucateamento de ensino, falta de professores bem formados suficientes para suprir as novas demandas da educação superior (inclusive da pós graduação), alunos insatisfeitos, frustrados e incrédulos com sua formação, considerando que poderiam alimentar a esperança que o acesso à universidade seria um salto em termos de crescimento pessoal e profissional, somados a mais repudiadas greves no sistema de educação pública, mas afinal, quem se importa? Quatro anos passam depressa, e novas eleições, promessas milagreiras e campanhas eleitorais com segundos milionários na tv chegam logo.
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