quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Política :: Blog :: Ortellado: A fábrica de papers






A fábrica de papers A organização do trabalho na universidade está passando por uma profunda modificação: ela não é mais voltada para a realização de pesquisas exemplares que disputem o reconhecimento dos pares, mas para a conquista de metas de produtividade que gerem reconhecimento credencial das instituições de avaliação. A universidade se parece cada vez menos com um colegiado aristocrático de cientistas desinteressados e cada vez mais com uma fábrica de papers: uma fábrica povoada de operários obedientes. O resultado desta mudança de perfil organizacional não é apenas burocratização e aceleração do trabalho – ela também gera uma profunda corrupção do sistema de comunicação científica. Um mercado concorrencial de papers A pesquisa universitária se constituiu modernamente segundo o modelo do colegiado aristocrático de cientistas desinteressados – pesquisadores que, emancipados da lógica econômica, podiam ociosamente investigar o mundo. Para isso foram criados os sistemas de estabilidade (as cátedras e os tenures) e independência acadêmicas (autonomia de pesquisa) que simulavam as condições sociais da pesquisa aristocrática do século XVIII. Embora houvesse algo de anacrônico neste modelo, ele parece ter se ajustado bem às estruturas capitalistas modernas até o fim do boom científico posterior à segunda guerra mundial. No entanto, junto com a crise do estado de bem-estar, a “excepcionalidade” organizacional da ciência foi posta em xeque. Não há ainda consenso sobre o que causou essa mudança. Dardot e Laval, num artigo célebre, atribuem essa mudança ao neoliberalismo – que não consistiria na simples desregulamentação econômica, mas na ampliação da lógica da competição de mercado para todas as esferas da vida. Uma outra explicação para o fenômeno seria a emergência da economia do conhecimento que teria aproximado as formas de organização da empresa capitalista e da universidade num processo que Steven Vallas e Daniel Kleinman chamaram de “convergência assimétrica”. Siga lendo no link : Política :: Blog :: Ortellado: A fábrica de papers.

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